ATA DA DÉCIMA REUNIÃO ORDINÁRIA DA QUINTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA NONA LEGISLATURA, EM 02.07.1987.

 


Aos dois dias do mês de julho do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Reunião Ordinária da Quinta Comissão Representativa da Nona Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Brochado da Rocha, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Hermes Dutra, Isaac Ainhorn, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Luiz Braz, Raul Casa e Teresinha Irigaray, Titulares, e Aranha Filho, Artur Zanella, Flávio Coulon, Getúlio Brizolla, Nilton Comin e Rafael Santos, Não-Titulares. Constatada a existência de “quorum, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias a Ata da Oitava Reunião Ordinária e da Ata Declaratória da Nona Reunião Ordinária, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Adão Eliseu, 01 Indicação, sugerindo ao Sr. Governador do Estado que determine à Secretaria da Segurança Pública a intensificação das “blitz” policiais; pelo Ver. Clóvis Brum, 01 Pedido de Providências, solicitando alteração o “ponto terminal” do ônibus da Linha T1, do Centro Administrativo do Estado para o estacionamento existente na entrada da Estância da Harmonia, no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho; pelo Ver. Ignácio Neis, 01 Pedido de Providências, solicitando conservação das calçadas para pedestres da Rua Landel de Moura. Do EXPEDIENTE constaram: Ofício Circular n° 04/87, da Câmara de Vereadores de Esteio, RS; Cartões da família de Amadeu Fagundes da Rocha Freitas; do Sr. Presidente do Conselho Regional do SESC/RS. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação, foi a provado o Projeto de Decreto Legislativo n° 03/87. Ainda, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Aranha Filho, de Votos de Congratulações com a Companhia Jornalística JC Jarros, pela contratação do Jornalista Décio Azevedo; com Henrique Gerchmann, por sua posse como Vice-Presidente da Junta Comercial do Estado do Rio Grande do Sul; com o Comandante Milton Comerlato, por ter sido escolhido como Diretor de Operações da Varig; de Voto de Pesar pelo falecimento de Rita de Freitas Valle Dornelles; da Ver.ª Gladis Mantelli, solicitando que o Projeto de Decreto Legislativo n° 03/87, seja dispensado de distribuição em avulsos e interstícios para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data; do Ver. Frederico Barbosa, de Voto de Congratulações com o Conselho Estadual de Entidades Assistenciais pela realização da Arca/87; do Ver. Hermes Dutra, de Voto de Pesar pelo falecimento de Mathilde Buys Pinto; do Ver. Raul Casa, de Voto de Pesar pelo falecimento de Boris Goldenfum. O Requerimento do Ver. Frederico Barbosa, acima referido, foi encaminhado à votação pelo Autor. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Isaac Ainhorn criticou o pronunciamento feito, na televisão, pelo Ministro Bresser Pereira, comentando a ambivalência do programa político o PMDB, em vista das diferenças existentes entre o que é apregoado e as medidas tomadas pelos integrantes daquele Partido. Criticou o ato repressivo do Ministro Paulo Brossard, por querer aplicar a Lei de Segurança Nacional no que se refere às agressões sofridas pelo Presidente República. No âmbito estadual, discorreu sobre os atos punitivos do Gov. Pedro simon contra o magistério em greve. O Ver. Jorge Goularte apelou aos professores para que retornassem às salas de aula, para que os escolares rio-grandenses não fiquem ainda mais prejudicados. Condenou infiltrações no movimento grevista com objetivos únicos de insuflar a greve. Criticou o radicalismo, tanto de parte dos grevistas quanto do Sr. Governador do Estado, falando da necessidade de que um dos lados deve dar o primeiro passo na busca de conciliação. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Jorge Goularte deu continuidade ao seu pronunciamento em Comunicações, analisando a greve empreendida pelo magistério estadual e os reflexos que a mesma acarreta para os pais e alunos gaúchos. O Ver. Clóvis Brum declarou sua lealdade política ao PMDB, dizendo ser solidário com o Governador Pedro Simon no momento crítico que atravessa S.Exa. à frente do Governo Estadual, em face da greve empreendida pelo magistério, mas destacando a necessidade de que seja resolvida esta questão. Anunciou que vai renunciar ao cargo de Líder do PMDB, agradecendo o apoio sempre recebido das demais Bancadas e dos funcionários da Casa enquanto se encontrava à frente de seu Partido. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver. Raul Casa criticou a administração do Sr. Gov. Pedro Simon, em especial as atitudes punitivas tomadas por S.Exa. contra os professores em greve. Atentou para as diferenças existentes entre o discurso político do PMDB durante a campanha eleitoral e os posicionamentos hoje observados en integrantes daquele Partido. Ainda, em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Raul Casa, dando continuidade ao seu pronunciamento em Comunicações, acerca da administração do Sr. Pedro Simon frente ao Governo Estadual, destacou que os posicionamentos assumidos por S.Exa. no que se refere ao magistério estadual acabarão acarretando danos irreparáveis às crianças gaúchas, com a perda do ano escolar. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver. Luiz Braz, declarando que as perdas salariais da classe do magistério estadual são anteriores ao Governo do Sr. Pedro Simon, criticou a reforma do ensino no Brasil e a invasão do Palácio Piratini pelos dirigentes do Cepergs. Disse que o Governador do Estado ainda não conseguir colocar em prática seu plano de Governo, tendo em vista que no seu primeiro dia de trabalho à frente do Estado eclodiu o movimento grevista o funcionalismo gaúcho. O Ver. Cleom Guatimozim discorreu sobre a importância da educação no processo sócio-econômico das sociedades civilizadas, analisando o assunto. Teceu críticas ao atual Governador do Estado, dizendo que S.Exa. agiu antidemocraticamente ao impedir a passeata dos professores na Rua Duque de Caxias. Disse que o Governador Pedro Simon deveria renunciar, solidarizando-se com o movimento grevista emprendido pelo magistério estadual. O Ver. Flávio Coulon, comentando fato ocorrido na inauguração do Posto de Saúde da Vila Restinga, quando o Dr. Olímpio Albrecht esqueceu a chave daquele Posto, comprometendo a solenidade, pediu desculpas em nome de seu Partido aos que para lá se dirigiram. Discorreu sobre o problema da greve dos professores, analisando o radicalismo existente tanto da parte do magistério quanto do Governo Estadual e a importância de que haja um meio termo para que acabe esse impasse. Declarou que seu Partido cometeu erros quanto à questão, mas atentou que o Governo não se restringe apenas a um segmento mas, isso sim, a todo um Estado, solidarizando-se com o Governador Pedro Simon. O Ver. Frederico Barbosa reportou-se aos pronunciamentos dos Parlamentares que o antecederam, acerca da greve do magistério estadual, criticando o Governador Pedro Simon por tentar culpar o funcionalismo público pela falta de soluções aos problemas enfrentados pelo Estado. E o Ver. Rafael Santos falou da greve do magistério estadual, comentando nota publicada, na imprensa, pelo Governador Pedro Simon, em que S.Exa. pedia que aos pais que levassem seus filhos para as escolas a fim de que acabasse esse movimento. Posicionou-se contrário a esta atitude, destacando que a educação não é feita através do atrito e da discórdia mas através do entendimento. Solidarizou-se com o movimento grevista, salientando a necessidade do retorno do diálogo para a solução do impasse hoje existente entre o Governo e o magistério estadual. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às doze horas e cinco minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha, Teresinha Irigaray, Luiz Braz, Gladis Mantelli, Frederico Barbosa e Jaques Machado. Do que eu, Frederico Barbosa, 2° Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Havendo “quorum”, passaremos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1442 - PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO N° 03/87, da Comissão Representativa, que autoriza o Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre a afastar-se do Estado, no período de 09 a 15.07.1987.

 

Parecer:

- do Vereador Luiz Braz, pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PDL n° 03/87 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Sobre a mesa Requerimento de autoria da Ver.ª Gladis Mantelli, solicitando seja o PDL n° 03/87 dispensado de distribuição em avulsos e interstícios para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Sobre a mesa, ainda, os seguintes Requerimentos: do Ver. Aranha Filho, de Votos de Congratulações com a Companhia Jornalística JC Jarros, pela contratação do Jornalista Décio Azevedo; com Henrique Gerchmann, por sua posse como Vice-Presidente da Junta Comercial do Estado do Rio Grande do Sul; com o Comandante Milton Comerlato, por ter sido escolhido como Diretor de Operações da VARIG; de Voto de Pesar pelo falecimento de Rita de Freitas Valle Dornelles; do Ver.  Hermes Dutra, de Voto de Pesar pelo falecimento de Mathilde Buys Pinto; do Ver. Raul Casa, e Voto de Pesar pelo falecimento de Boris Goldenfum; do Ver. Frederico Barbosa, de Voto de Congratulações com o Conselho Estadual de Entidades Assistenciais, pela realização da ARCA/87.

Em votação. (Pausa.)

 

O Sr. Frederico Barbosa: Para encaminhar, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar, pelo PFL, a palavra está com o Ver. Frederico Barbosa.

 

O SR. FREDERICO BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Encaminho, não pretendendo usar todo o tempo disponível, um voto congratulatório por mais uma realização da Arca, tradicional movimento de entidades assistenciais do Rio Grande do Sul, que tem no comando a abnegada Sr.ª Maria Mótula, que há tantos anos vem prestando serviços à comunidade do Rio Grande do Sul.

 

O Sr. Jorge Goularte: Por favor, fale em meu nome.

 

O SR. FREDERICO BARBOSA: Com muita honra, em nome de V.Exa. e do partido que lidera, o PL, nesta Casa.

Tenho, Ver. Jorge Goularte, uma preocupação e por isto estou a encaminhar este voto congratulatório. O Movimento Assistencial de Porto Alegre, que realiza este evento há tanto tempo em prol das crianças carentes, está, segundo notícia jornalística, com problemas já para o próximo ano. A realização da Arca, que depende, essencialmente, basicamente de um lugar, de um espaço à disposição, teve noticiado, há pouco mais de uma semana, que no próximo ano não terá a disposição o lugar aonde nos últimos anos vem sendo realizada, que é o estacionamento, um belíssimo lugar, do Supermercado Zaffari-Higienópolis.

Há alguns anos atrás era realizada no Supermercado da Ipiranga. Mas D. Maria Mótula, segundo consta, já está trabalhando... Encaminho este voto para o movimento que tem, certamente, o apoio de todos os porto-alegrenses, de todos os rio-grandenses e das autoridades. E que já se possa, quem sabe, pensar a nível de Executivo Municipal de Porto Alegre, numa ajuda possível através da criatividade de se encontrar um lugar para que as senhoras que deixam o seu lar e o seu dia-a-dia para  auxiliar no Movimento Assistencial de Porto Alegre possam ter no trabalho, que é sempre antecipado em muito na preparação para o ano seguinte, um local adequado para esse trabalho. E nesse sentido é o apelo, no Voto Congratulatório, pelo trabalho deste ano, para que possamos nos unir - o Executivo Municipal, Vereadores, qualquer pessoa que possa, com criatividade, encontrar um local, ou, quem sabe, de novo, a iniciativa privada, para que, como até agora, o Movimento ARCA, grande quermesse - porque  ARCA não é mais nada do que a nossa quermesse, Ver. Jorge Goularte, dos tempos de guris - possa ser liberada e possamos participar de um evento típico, consagrado, da Cidade de Porto Alegre, no auxílio, através das entidades assistenciais.

 

O Sr. Flávio Coulon: (Aparte anti-regimental.) Vereador, apenas para esclarecer: o ilustre Vereador já sabe quais são as razões que o Zaffari alega para não emprestar mais?

 

O SR. FREERICO BARBOSA: Nobre Vereador, estou fazendo por iniciativa própria este pronunciamento, pois não entrei em contato nem com D. Maria Mótula. Uma notícia no jornal, após a realização da ARCA, deu ciência de que para o próximo ano não poderia ser emprestado. O que digo em alto, claro e bom som, é que respeito, até mesmo pela colaboração que a rede Zaffari tem dado até agora, pois certamente existe um motivo maior para que isso não aconteça. O que pode estar havendo é um recuo ou, talvez até a impossibilidade, o que não contesto, mas, pelo contrário, desejo examinar e apelar, e para isso, inclusive, vou-me aliar à dona Maria Mótula, uma mulher exemplar, no sentido de que possamos ajudar o Movimento, quando essas senhoras, repito, deixam os seus lares por tantos dias para a preparação aqueles 3-4 dias de evento, que servem exclusivamente para carrear recursos para os carentes desta Cidade. Portanto, ao encaminhar este Voto Congratulatório em nome do PFL, meu Líder Raul Casa, do Ver. Jorge Goularte, Ver. Isaac Ainhorn, acho que a união de todos dará força suficiente para que a ARCA continue viva e viva num local adequado, como foi até o presente momento, apesar de que em alguns lugares pudesse se dizer que eram realizadas num estacionamento de automóvel, pois a criatividade faz com que um estacionamento de automóveis possa dar prazer, possa dar lazer a tantas pessoas que acorrem naqueles dias de realização a ARCA.

É necessário que se encontre outro local para que a realização não sofra qualquer problema ou qualquer dano em tantos benefícios que traz aos carentes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação os Requerimentos apregoados. Os Srs. Vereadores que os aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADOS.

Passamos ao período de

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Isaac Ainhorn com a palavra, por dez minutos, por transposição de tempo com o Ver. Raul Casa.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, na primeira Reunião da Comissão Representativa desta Casa, onde os trabalhos seguem normalmente, algumas dúvidas nos assaltam e nos enchem de preocupações. Uma delas é em relação ao governo e ao seu partido, o PMDB. Lamentável e triste para a consciência cívica nacional, para as instituições políticas e jurídicas do nosso país, assistirmos ao pronunciamento do Ministro da Fazenda, Bresser Pereira, um verdadeiro achincalhe à consciência os cidadãos e, sobretudo, à estrutura dos partidos políticos em nosso País, quando afirmou, no Parlamento, que o partido tem dois programas, com a maior cara-de-pau S.Exa. diz essa desfaçatez. Em total desrespeito à consciência cívica nacional S.Exa. diz que o PMDB tem dois programas: um quando era oposição, mas, agora, quando governo, tem outro programa. Aliás, já dizia uma autoridade política que a melhor coisa para haver manifestações de autoritarismo é colocar um ministro liberal no governo. Exemplo maior que o Sr. Paulo Brossard de Souza Pinto não existe. O liberal, o homem que lutou contra o autoritarismo e o seu partido - o PMDB - hoje, aplica a Lei de Segurança Nacional contra os cidadãos brasileiros, tentando criar um impasse nacional. Não sei com que desígnios se pretende isso. Pois vejam V.Exa. o Ministério do Presidente de Honra do PMB, Sr. José Sarney: de um lado o Ministro Bresser Pereira, um para a oposição e outro para o governo. O Ministro da Justiça fora o governo é um liberal, defensor das instituições democráticas, da democracia, da liberdade, do estado de direito, e no Ministério da Justiça é aplicador de um dos instrumentos mais espúrios da história de nossa Pátria, a Lei de Segurança Nacional, que a consciência cívica nacional vem exigir a sua revogação. É lamentável que a Assembléia Nacional Constituinte, hoje em pleno funcionamento, continue a conviver com este triste diploma legal que o governo federal, que o governo o PMDB insiste em usar.

Aqui, no nosso Estado, o Governo Estadual, este não deu o ar da graça, criticavam a Prefeitura de Porto Alegre, hoje, uma as mais ativas e dinâmicas do nosso País. O Governador Pedro Simon já superou a casa dos 100 dias e continua sem nenhuma obra, sem nenhuma medida, sequer resolvendo, Sr. Presidente  e Srs. Vereadores, o dramático problema dos professores dos estabelecimentos públicos de nossa Cidade.

E hoje a “Zero Hora” publica uma carta aberta ao Sr. Governador, pedindo a reconsideração e o cessamento de todas as punições, injustamente aplicadas contra diretores de escolas e professores, pedindo a reabertura das negociações e da Lei 8026.

Não entendo por que não há uma linha de coerência na política do PMDB, de um lado, o Sr. Caio Lustosa, o nosso querido Vereador desta Casa, tocando sineta e junto com a Ver.ª Gladis Mantelli assinando a carta aberta ao Governador. E, de outro lado, vejam V.Exas., o Ver. Flávio Coulon, nosso querido, ativo Vereador, moderado, cauteloso, de bom senso levando seu filho à escola. Isso sim! Isso é coerente com o Governo. E quem é Governo tem que arcar com as conseqüências de ser Governo, do Governo que representa.

É muito fácil, nobre Ver. Frederico Barbosa, ser situação e não dar a cara para bater. Ora, isso é barbada! Eu falo com absoluta tranqüilidade, quando nos primeiros meses do Governo Alceu Collares ele enfrentava as dificuldades inerentes a uma Prefeitura que pegou falida, em estado de insolvência. Nós estávamos aqui, Ver. Ênnio Terra! Nós estávamos aqui, ando a cara para bater, defendendo as dificuldades do Governo Alceu Collares. Agora, hoje, falam em derrubar o Líder da Bancada do PMDB aqui nesta Casa, o nosso Ver. Clóvis Brum. Ainda não derrubaram?

Hoje os jornais noticiam que o Ver. Clóvis Brum não está oxigenado aos novos tempos. Realmente, as contradições - e o PMDB está eivado de contradições - levam o maior Partido do Ocidente, assim como um outro grande Partido, para uma condição tal que a história não sabe que destino dará a este grande Partido que, ainda hoje é, aos trancos e barrancos, o maior Partido do Ocidente. O Sr. Paulo Brossard, o liberal de outrora, é autoritário no Governo, aplicador da Lei de Segurança Nacional. O Sr. Bresser Pereira, Ministro da Fazenda do PMDB, fazendo o quê? Ministro da Fazenda dizendo que o PMDB tem dois programas, um no Governo e outro fora do Governo. E o Governador Pedro Simon punindo professores, punindo os diretores das escolas e fazendo com que o desespero tome conta o Rio Grande, de pais, de alunos, de professores, criando um verdadeiro quadro de insegurança para todo o Estado, por quanto sabemos é importante a educação dos nossos filhos.

 

O Sr. Clóvis Brum: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero dizer a V.Exa. que a minha posição, nesta Casa, sempre foi a de homem do governo e a de homem do partido. Não vai ser pela menor dificuldade que o Governo passa que vou abandonar as posições do Governo. O magistério por certo saberá compreender a minha fidelidade ao Governo Pedro Simon e ao PMB, nem que esta fidelidade cobre de mim sacrifícios, renúncias e muito prejuízo, mas serei fiel até o fim ao Governo que ajudei a eleger, com o Governo a quem fiz comício em praça pública, com o partido que jurei defender, com o seu programa e sua organização.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sou grato a V.Exa. Gostaria, para encerrar, de dizer que o assunto é de economia interna do PMDB, mas justamente o líder afinado com o Governador Pedro Simon, que está defendendo aqui a posição do Governo, este líder se encontra com problemas na sua Bancada, a qual assina um manifesto, uma carta aberta ao Sr. Governador, defendendo a justeza e legitimidade das humildes aspirações do magistério gaúcho.

 

O Sr. Ennio Terra: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Resta saber se o Ver. Clóvis Brum vai defender o programa da campanha ou o de hoje, como Governo?

 

O SR. ISAAC AINHOR: Esta é uma boa pergunta para o Ver. Clóvis Brum, ainda líder da Bancada do PMDB. Ver. Clóvis Brum, é uma pena, mas V.Exa. não ouviu o inteligente aparte o Ver. Ennio Terra, que perguntava se o ainda líder da Bancada do PMDDB ia defender o programa de Governo da campanha ou de agora, quando é Governo do Estado? Encerro meu pronunciamento e tenho certeza da coerência e honestidade do Ver. Clóvis Brum e eu sei qual a resposta, porque ele já a deu implicitamente, ele é um Vereador que dá a cara para bater. Não faz como esses tecnocratas e autoritários do Governo, como Bresser Pereira, que diz que o PMDDB tem dois programas e como o liberal da oposição, Brossard, que aplica a Lei de Segurança Nacional, o mesmo método o período da ditadura. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Com a palavra o Ver. Luiz Braz. Ausente. Ver. Lauro Hagemann. Ausente. Ver.ª Jussara Cony. Ausente. Com a palavra o Ver. Jorge Goularte.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, com a autoridade de quem foi um dos signatários do manifesto que está hoje publicado nos jornais, faço uma sugestão, tomo a liberdade de fazê-la, ao magistério gaúcho. Parece-me que ainda é o momento - já passou até o momento, mas ainda é tempo - de que alguém com bom senso tome uma posição de avanço, no sentido e se achar um denominador comum para este impasse, que é gravíssimo, em nosso Estado. Parece-me que é o momento dos professores darem, mais uma vez, o exemplo que têm dado durante a vida inteira. Eu faria a seguinte sugestão aos professores: que retornassem à sala de aula em nome do bom senso e em defesa de seus alunos. E continuassem a reivindicar. E eu diria mais: que colocassem na praça representantes seus, que continuariam mantendo aquele acampamento. As próprias mães dos alunos seriam voluntárias para substituírem as professoras e os professores nas suas reivindicações. Mas retornem, por favor, às aulas e todos nós, toda a população gaúcha, estaremos ao lado dos professores reivindicando. Se este impasse permanecer por mais alguns dias, vai ficar marcado neste Rio Grande, a perda de um ano letivo, que é altamente lesivo às crianças deste Estado. Eu falo com tranqüilidade neste assunto porque não tenho filhos nesta faixa etária e também porque, repito, para enfatizar, fui um dos signatários que defende as reivindicações dos professores. Mas é preciso que alguém tenha bom senso e não se deixe levar por pequenos grupos interessados em perturbar e que só se beneficiam insuflando a categoria e insurgindo-se contra tudo e contra todos. Por isso, resolvo fazer este apelo como modesto Vereador de Porto Alegre; não sou deputado com poderes maiores, mas espero que o jornal, se, tiver uma linha e tiver interesse no assunto, faça a divulgação, pois não precisa nem colocar o meu nome, só dizendo que em Porto Alegre em Vereador resolveu dar esta sugestão: retornem à sala de aula. Agradeço à Vereadora, Presidente em exercício esta Casa, Teresinha Irigaray, professora, minha professora em 1961. E, em 1964, este Vereador defendeu a colocação do seu nome nos convites para a formatura, porque desejavam que nós tirássemos o nome dela e do Decamires; e não houve formatura no Protásio Alves porque nós nos negamos a retirar o nome dos professores cassados; isso a História não registra. Vereadora, acho que V.Exa. me dá um apoio muito importante, porque é professora. Não é possível que o Rio Grande continue estático, olhando, sem falar, omisso, quando está se perdendo um ano letivo inteiro. Já não se fala nas dificuldades que terão estas crianças em competir com outros alunos de escolas particulares em um futuro vestibular. Já nem se fala nisso, Vereador Flávio, V.Exa. que tanto conhece esta matéria; já não se entra nesse mérito. Mas, por favor, continuarem a bater sinos e o Governador a bater a porta contra eles não vai levar a coisa nenhuma; alguém tem de dar um passo no sentido da negociação; alguém tem de pensar nas crianças deste Estado. Quem fala é alguém que compareceu à Praça junto com o Líder do seu Partido, Deputado Álvaro Valle, professor também. Mas me parece, e repito a sugestão como um todo, os próprios pais dos alunos, a meu ver, seriam voluntários, para substituir os professores nas suas reivindicações, enquanto estes voltariam às salas de aula. Não vão ser os rostos dos professores que irão aparecer, ao contrário, com muito mais ênfase, as mães dos alunos teriam mais condições de defender as professoras nas suas reivindicações e com a autoridade de dizerem: enquanto nós estamos aqui na Praça, os professores estão lá nas salas de aula dando aula aos nossos filhos. Isso me ocorreu durante uma noite indormida, analisando a noite hibernal do nosso pago, ouvindo o cantar e algum galo boêmio, quando me ocorreu pensar mais alto, pensar grande no Rio Grande. A RBS, há poucos dias, lançou uma promoção de todos nos unirmos pelo Rio Grande. Duvido que as professoras deste Estado não atendam a este apelo; que o CEPERS analise a sugestão de um amigo dos professores e não de uma pessoa adversária. É altamente interessante, é melhor que um amigo meu defenda minha posição do que eu mesmo; é melhor que os pais dos alunos defendam os interesses dos professores do que eles mesmos. Ainda mais com a autoridade de quem está em sala de aula, sem ninguém que quer nos atender. Eu, como professor, faria isto, se ninguém atendesse as nossas reivindicações. Se os alunos vão perder um ano letivo, nós, com o bom senso que temos, retornamos a nossa sala de aula; nós retornamos, mesmo com esses vencimentos parcos e modestos, vamos mostrar que o nosso interesse maior, que é um sacerdócio ser professor, pois nós vamos mostrar, mais uma vez, coerência dos nossos propósitos, o interesse maior que é a criança rio-grandense.

 

O Sr. Flávio Coulon: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Realmente, a sua sugestão é bastante interessante, meritória. Colocaria apenas alguns reparos, quando V.Exa. coloca que as portas do Palácio estão fechadas. Neste sentido, apesar de todos os erros que cometemos na condução deste movimento, nós, do PMDB, é inegável que o governo sempre procurou dialogar. A impressão que tenho, sem querer ser injusto, é de que, na prática, a sua proposta não passa pelas instâncias do CEPERS, porque eu tenho certeza de que existe uma grande dúvida nestas instâncias, no sentido de que realmente os pais ocupariam, com a intensidade que eles ocupam atualmente, a Praça da Matriz.

 

A Sra. Teresinha Irigaray: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Sempre escuto com atenção e respeito V.Exa. e acho que, hoje, nesta manhã, depois de 80 dias, V.Exa. trouxe, realmente, uma sugestão muito boa, muito esclarecedora e que ficaria muito bem posicionada, porque a luta agora é por uma união por um Rio Grande maior. Haveria, inclusive, aceitação de sugestões de todos os partidos, porque todos estão interessados no reerguimento do Rio Grande. Está partindo do Ver. Jorge Goularte uma sugestão, me parece a mais eficiente para a hora e, ao contrário do que disse o Ver. Flávio Coulon, eu acho que a representação da categoria na Praça, não deveria ser dos pais, poderia ser dos próprios professores num rodízio, num movimento reivindicatório mantendo aceso o ideal da categoria, a reivindicação que eles estão postulando há tanto tempo. Então fazendo um rodízio, retornando às salas de aula, não permitindo que o ano letivo caia no caos, permitindo que as crianças tenham a sua escolaridade, mas ao mesmo tempo continuando o movimento através e uma representação da categoria. Seria o CEPERS um órgão muito castrador e muito discriminativo se não aceitasse a sugestão de V.Exa. Parece-me que é a solução ideal e eu falo porque fui professora por 25 anos, mas acho que é uma solução boa para a situação que nós estamos vivendo, ficará a representação do magistério na Praça fazendo as reivindicações e o resto voltaria às salas de aula e depois fariam um rodízio e retornariam.

Acho que V.Exa. está falando neste momento como um político equilibrado, consciente da situação aflitiva, preocupado com o momento e não preocupado de fazer do movimento um gesto político. Isso é muito importante e nós temos que separar, Ver. Jorge Goularte, porque muitos e muitos políticos estão usando o movimento grevista do magistério para se posicionarem acima deste movimento e não apresentando uma solução; endosso-a completamente e se V.Exa. precisar da minha companhia, da minha assinatura e da minha sigla partidária eu coloco à disposição de V.Exa.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Já que vejo que há professoras na Casa, eu vou olhando nos olhos delas, voltar a fazer a minha sugestão como um todo, como existe um impasse neste Estado e que está criando uma situação dificílima para toda a família rio-grandense, dos professores, dos pais, dos próprios alunos, com a autoridade de quem compareceu na praça como o Prof. Álvaro Valle, Presidente da minha sigla partidária, e com a autoridade de quem assinou o manifesto em favor dos professores, eu, nesta madrugada invernal do nosso pago, pensei numa sugestão: se ninguém tem o bom senso de dar um passo no sentido da conciliação, que os professores, mais uma vez, o façam, e demonstrem o que têm demonstrado ao longo de toda nossa vida, ensinando a todos nós, nos preparando para o futuro, e preparando nossos filhos. Se ninguém tem bom senso, repito, que os professores demonstrem, mais uma vez, nesse sacerdócio que é dar aulas... (Manifestações da platéia). Nobres professoras, espero que sejam democratas como sou; sejam contrárias a mim, mas me respeitem. Eu estou dando uma sugestão séria e, nesse sentido, não aceito que seja interpretado de maneira diferente. Quem não quiser trabalhar, que não trabalhe; aquelas que querem trabalhar, aquelas que querem colaborar como os próprios alunos, que o façam; quem não quiser participar, que não participe. A sugestão é a seguinte: que as próprias mães dos alunos, que as professoras, em rodízio, permaneçam reivindicando, batendo seus sinos, na Praça, fazendo passeatas, com todas as reivindicações, tudo bem, mas que retornem às salas de aula, porque este Estado vai ficar marcado por perder um ano letivo inteiro, pela imperícia de alguns e pela intransigência de outros. Por isso, repito e enfatizo: não vejo outra solução, a não ser que alguém nos ensine, que não seja praticar esse bom senso mais uma vez, deixando que os nossos filhos - eu nem tenho filhos nessa faixa etária - os filhos dos gaúchos, os filhos dos professores, tenham capacidade de competitividade num vestibular futuro, porque já nem falo nessa área. É lamentável ver alguém prejudicado o ano inteiro, porque terá reflexos no futuro. Até gosto que tenham professoras no recinto. Eu as respeito e digo com a autoridade de quem participa do movimento, como político sem se valer dele para demagogia barata e nojenta, as quais apenas levam este País ao caos. Não encontro, Nobre Ver.ª Teresinha Irigaray, que preside nossos trabalhos e que é professora, outra sugestão. Se não retornarem às salas de aula, o que vai ocorrer? Demissões, brigas internas - isso já está acontecendo, já estão se batendo entre si - retaliações, etc. Pois fica a sugestão do mais modesto Vereador de Porto Alegre, que usa a tribuna que o povo lhe deu, que tem treze anos nesta Casa, que pensou essa sugestão com grandeza, sem querer aparecer. Era muito fácil ir para a Assembléia, pedir televisão e rádio e jornal para apresentar uma sugestão. Continuo a dizer, se alguém não tem bom senso, que as professoras, mais uma vez, dêem o exemplo e que nesse sacerdócio que é ensinar com os parcos recursos que ganham, com os contra-cheques ridículos, pessoas que lutam tantos anos para se formarem e, depois, sem querer ir contra nenhuma categoria, ganham menos que um motorista - que leva três meses para se formar - tudo isso é reconhecido. Ver. Flávio Coulon, chama-me à razão de que o governo estadual não fechou as portas ao magistério e que até tem procurado o diálogo. Vamos analisar para efeito de um estudo simples, que o governo tem a maior das intenções de atender os professores e não pode. Tudo bem. O PMDB alega essa condição, não conhecemos as condições do nosso Estado, embora o PMDB, na campanha eleitoral, tenha usado essa Lei 8.026 e foi um dos mentores no sentido de fazer as duas Leis. Pois mesmo assim me parece que se não partir dos professores a solução nós permaneceremos nesse impasse indefinidamente.

Aqui fica a modesta sugestão do Ver. Jorge Goularte do Partido Liberal de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Tempo de Liderança com o PMDB, Ver. Clóvis Brum.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Presidente e Srs. Vereadores. Por ocasião do final da República Velha eu aprendi a respeitar um homem público pela sua linha de conduta. Refiro-me ao então Deputado Nelson Marchezan. Ali aprendi a conhecer o Dep. Marchezan, numa entrevista em que S. Exa. dizia: “Eu sou um homem leal ao meu Governo. Sei dos equívocos do meu Governo mas continuarei leal ao meu Governo.  Sobre esses equívocos com o meu Governo vou discutir e debater, e o povo brasileiro vai me conhecer pela minha lealdade”. Eu admirei esta afirmação. Pois eu quero à Casa que se da mesma forma sou um homem leal ao Governador Pedro Simon. O Magistério haverá de me entender. Não sou um homem de abandonar o navio, se for o caso, se o preço da minha lealdade ao Governador significa sucumbir, ainda, até que em águas turvas eu sucumbirei. Mas a lealdade não tem preço, a lealdade não se compra e não se vende. Eu particularmente sou um homem leal ao Governador, ao PMDB, e ao meu partido. E é necessário que neste momento se saiba examinar com profundidade a expressão lealdade.

Por outro lado, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, a liderança da bancada, de qualquer bancada não é um cargo privativo, é um cargo político transitório e por tempo indeterminado. Em reunião feita com a bancada há dois dias, posição unânime da bancada, a qual eu me inclui, e até o Ver. Braz reafirmou esta posição, temos que renovar a liderança para o segundo semestre, face a problemas enfrentados até com o governo federal e o governo estadual. Temos problemas políticos dentro da bancada, o Ver. Flávio Coulon desposa uma posição idêntica à minha, o Ver. Luiz Braz também. Outros segmentos não desposam esta mesma posição. Nós somos pela solidariedade ao governador, incondicional. Outros três são pela solidariedade ao governador e às professoras. Isto não é solidariedade. Solidariedade é uma só. Mas, de toda maneira, é uma posição respeitável, de querer, evidentemente, através da solidariedade forçar uma posição.

Eu tenho dito o seguinte: sou solidário ao Governador do Estado e apelo para uma solução imediata que resolva o impasse, isto é outra coisa. Mas, de qualquer maneira a minha posição é de solidariedade ao Governador do Estado que ajudei a eleger.

De maneira, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, que neste momento entrego a liderança do PMDB para que a nossa bancada escolha novo líder. E quero agradecer ao PDT, em especial, pela convivência que tivemos na Administração da Câmara de Vereadores. Recebi sempre da liderança do PDT excelente trato na condução desta Casa, afinal das contas 50% da sua administração pertence ao PDT e 50% ao PMDB. E neste sentido procuramos dar o melhor de nós, para que a Casa não parasse, e que a administração continuasse, que a qualidade do trabalho prestado pela Casa até fosse melhorada. Agradeço a colaboração recebida da Bancada do PDT, neste acordo PMDB-PDT- que com dificuldade mantivemos, mas mantivemos. Agradeço as considerações que temos recebido das demais Bancadas como Líder do PMDB, agradeço a atenção e a colaboração em especial dos funcionários, notadamente, dos funcionários que pertencem ao PMDB. E de igual forma aos funcionários que pertencem aos demais seguimentos partidários nesta Casa. Agradeço a todos. A Bancada deverá se reunir, provavelmente, ainda, hoje, e nós indicaremos um novo Líder e novo Vice-Líder, se assim eu posso dizer, para tocar a Bancada nesse segundo semestre, que muitos problemas, muitos desafios nos aguarda. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Próximo orador, Ver. Isaac Ainhorn e por transposição de tempo cede ao Ver. Raul Casa. V.Exa. está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. RAUL CASA: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, a que ponto chegou o Rio Grande! A que ponto foi mal interpretada a bíblia do Partido que aspirava ao Governo! Porque a bíblia que era lida pelo PMDB, candidato aos cargos, não é a bíblia do PMDB no exercício do Governo. (Palmas.)

Lido por um membro do seu malfadado Governo, o risonho e gago Ministro Bresser Pereira! (Palmas.)

E, aqui no nosso Estado, de que lado estará aquela professora que hoje exerce um cargo legislativo, que tirou fotografias enfrentando baionetas do Governo passado? Do lado de lá, ou do lado de cá? De que lado estarão aqueles que nos comícios diziam que estavam propondo um governo participativo? Hoje à tarde, cinqüenta mil professoras, professor Flávio Coulon, querem fazer uma passeata, em represália, por terem estado no Palácio por oito horas e vinte e seis minutos e estarão impedidos de usarem a via pública, sob pena de ameaça, de constrangimento físico. Nós não concordamos com esse tipo de Democracia, que é boa para o palanque, mas que não é boa para o exercício do poder. Nós desejamos alertar à Casa e ao povo desta cidade, para responsabilizar aqueles que tentarão impedir que cinqüenta mil professores avancem um metro a mais na rua. Estão querendo criar vítimas, estão querendo fazer deste Rio Grande um vale, não mais de sofrimento, mas também de lágrimas. É muito importante que não se coloque problemas que possam dificultar um convívio harmonioso ou pelo menos de respeito entre o Executivo e os professores. Ao anunciar que não permitirão a ocupação da rua Duque de Caxias, estão dizendo por linhas travessas, que coisas muito graves poderão ocorrer. Parece que é um desafio e até uma provocação. Creio que S.Exa. o Governador Pedro Simon, que parece rezar pela bíblia de candidato e não pela bíblia verdadeira, no dizer de um integrante da área econômica do Governo que ele apóia, vai nos dar um momento de grave tensão. O ilustre Secretário da Segurança vai colocar a Brigada, para impedir que os professores possam - e não são meia dúzia de professores, são mais de 50 mil - usar livremente a Rua Duque de Caxias. Deus queira que fatos facilmente previsíveis não venham a ocorrer, mesmo porque, Ver. Flávio Coulon, ilustre professores, respeitável professor, a injustiça já campeia solta. O que pediram? Eleições para Diretores e os professores foram eleitos Diretores pelo voto livre de seus companheiros! Estão sendo demitidos, arbitrária e injustamente, por terem tomado posições, inclusive companheiros seus, companheiros do PMDB, que vêem, atônitos, a diferença do discurso do candidato para o discurso do executivo.

 

O Sr. Artur Zanella: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) V.Exa. sabe da dificuldade que eu tenho para falar sobre as questões do Governo do Estado, pois, afinal de contas, há poucos dias eu estava lá, no governo anterior. Mas vejam a insensibilidade do Governador Pedro Simon: Na primeira passeata, ele foi a Brasília. Ficou lá, enquanto os professores não saíram da passeata. Depois, na outra passeata, montou a viagem para o Uruguai. Agora, amanhã, ele vai para a Argentina. Nós estamos com um milhão de pessoas ameaçadas de perder o ano, minha filha inclusive, pois eu estudei em colégio público e acho que ela também tem que estudar, vestibulandos ameaçados de não poder fazer vestibular e o Governador vai para a Argentina. Então, a falta de sensibilidade dele é que me espanta!

 

O SR. RAUL CASA: Ver. Artur Zanella. Nós que carregamos a pecha de termos dado apoio a um governador fruto da ditadura, nós que somos marcados e ferrados como integrantes de um sistema repressor estamos verificando, hoje, que não passamos de escoteiros, perto da agressividade com que o governo estadual está tratando este problema. Mas, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, que paquidérmica incompetência, que coisa espantosa, que coisa brutal. Pelo menos, no nosso tempo, nós integrávamos a Arena, o PDS, dissidimos, abrimos dissidência, fomos para o PFL, mas todos do mesmo lado, e pensávamos até que, com novas idéias, novos homens, nova dimensão, tínhamos até vergonha de sermos governo, e quando surgiu o governo do PMDB, todos nós, independente de partido, saudamos este governo como uma esperança nova, como uma oxigenação que já houve nesta Casa hoje com a renúncia do líder do PMDB, e verificamos que eles são infinita, amazonicamente mais incompetentes do que nós, inclusive na tolerância do diálogo. O Governador Amaral de Souza, o Governador Jair Soares nunca, em momento algum, deixaram da manter as portas do Palácio abertas para o diálogo com os professores. E sempre se chegou a uma solução, sempre se chegou penosamente a uma solução. Agora, quando o Deputado Carrion Júnior prova que há verba, demonstra que há dinheiro, bem mais do que se supunha, para se solucionar este problema, o Governado Pedro Simon, numa absoluta falta de compreensão, vem dar esta triste demonstração a Rio Grande, de uma intransigência pessoal que leva à tragédia porque é uma tragédia nossos alunos não terem aulas, é uma perda irrecuperável, o tempo não volta, e o Professor Bernardo de Souza, homem eleito e apoiado pelo magistério, hoje é o instrumento da repressão, pune, demite professores que ganham o salário mínimo para colocar no Palácio Piratini assessores ganhando dezenas de salários mínimos. Eis a incoerência de um Governo que até hoje não disse a que veio, de um Governo que para espanto do Rio Grande, patina no mesmo lugar e, embora até possamos dizer que, por exemplo, uma notícia boa, a recuperação da Habitasul que retorna altiva pelo seu Presidente Péricles de Freitas Druck ao convívio e confiança do Rio Grande do Sul, numa demonstração de caráter, de fibra e competência, depois de ter sido humilhado, achincalhado e reduzido à condição de homem impedido sequer de assinar um cheque, volta hoje a Habitasul, - para alegria do povo e dos amigos de Péricles Druck - para o sistema habitacional e financeiro deste Estado. Mas por que S.Exa. o Sr. Governador Pedro Simon, homem que até é meu amigo pessoal não se imbui daquelas condições emocionais, de transigência, porque ele não acredita, por exemplo, no deputado Carrion? Por quê? Porque ele dá crédito à repressão e porque ele impede os professores de se movimentarem em via pública? Mas onde está o governo participativo de S.Exa.? Não é o que o Rio Grande esperava de Pedro Simon, não é o que o professor que andou por esta coxilha enorme, e nós sabemos muito bem disto, pedindo voto para mudar. Ah, se ele soubesse o que o esperava! Mas teremos eleições proximamente, e o Rio Grande responderá à altura para dizer a ele “não”, não à forma como ele se portou, e nós do PFL, e nós da antiga ARENA, repetimos alto e bom som “atrás de mim vira quem bom me fará”. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Gladis Mantelli): Com a palavra a Ver.ª Gladis Mantelli, que transfere o seu tempo ao Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sra. Presidente e Srs. Vereadores. Parece que os Vereadores que vêm aqui a esta tribuna, função que realmente o povo desta terra não tem memória. Quando alguém vem a esta tribuna e diz “nós da ARENA”, quero que quem esteja me ouvindo possa se lembrar de que este estado de coisas, de que os professores começaram a perder foi exatamente no governo da ARENA ou as professoras que me ouvem estão esquecidas, que quando da reforma do ensino, mais ou menos por volta de 1967, nós estávamos em plena vigência do regime militar que tinha o respaldo da Arena naquela época e agora do PDS e foi exatamente naquela ocasião da reforma que o ensino nesta terra começou a se deteriorar.

Eu tenho um irmão que é professor e posso dizer as senhoras e aos senhores, que os professores a partir daquela época começaram a perder e até digo o seguinte...

 

O Sr. Raul Casa: Synval Guazzelli.

 

O SR. LUIZ BRAZ: E até digo o seguinte que universidade nossas começaram a perder seus professores e digo que os ladrões que os corruptos e os mal feitores que integraram aquela administração da Arena, respaldando o regime militar levaram esta terra a uma situação deplorável, este mesmo regime, estes mesmos homens, estes mesmos malfeitores que quando da posse de Pedro Simon no Governo do Estado a primeira atitude que tiveram foi a de impedir que Pedro Simon pudesse fazer as modificações que havia proclamado. A primeira coisa que fizeram foi impedir que Pedro Simon pudesse governar e isso aconteceu...

 

O Sr. Raul Casa: Não diga isso, Vereador...

 

O SR. LUIZ BRAZ: Digo, eu peço para a Sra. Presidente que proíba o Ver. Raul Casa de dar apartes.

 

A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Vereador, V.Exa. sempre foi disciplinado, maravilhoso e elegante.

 

O Sr. Raul Casa: Apenas para registrar que realmente fui mal-educado e retiro os apartes anti-regimentais. Mas sei que V.Exa. me concederá o aparte no tempo devido.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Eu sei que de V.Exa. não poderia espera outra atitude  não ser exatamente esta, Ver. Raul Casa, muito embora, sabedor de V.Exa. que também integrava os quadros da Arena, mas não credito que V.Exa. pudesse comungar de todos os ideais praticados, não dos ideais que estavam escritos em cartas, mas daquilo que foi praticado, realmente, por aqueles militantes da ARENA. Não acredito que V.Exa. comungasse de todos aqueles atos, não posso acreditar nisso; não posso acreditar que V.Exa. pudesse estar ao lado daqueles que fizeram com que o ensino, nesta terra, entrasse em declínio. As professoras, hoje em dia, podem confirmar, pois elas, assim como eu, têm filhos estudando e nós, que praticamente participamos de duas gerações de ensino, sabemos que houve, realmente, uma grande diferença entre os ensinamentos que nós recebemos nos bancos escolares, a forma de ensino que recebemos, o prestígio que o professor tinha antes de 1967 e, depois, o ensino que os nossos filhos começaram a receber, não por culpa dos professores, mas por culpa de uma reforma de ensino imbecil, que trouxe para esta terra um modelo alienígena que não tinha nada a ver com o nosso povo. E quero dizer que isso não oi feito pelo governo do PMDB, isso não foi obra de Pedro Simon; quero apenas lembrar a todos que estão aqui presentes, que Pedro Simon foi aquele que durante todo o tempo esteve defendendo todo o povo brasileiro contra um regime que nos espoliava, que arrancava do nosso povo aquilo que ele necessitava para sobreviver. E quem massacrou o povo desta terra é quem hoje impede que o Pedro Simon possa governar. Ou V.Exas. esquecem que desde o primeiro dia do governo Pedro Simon houve um movimento muito grande no sentido de que ele não tivesse condições de recuperar a economia desta terra? Eu já disse outro dia, aqui desta tribuna, que se houvesse condições de esse homem ter governado durante um ano e logo após esse ano todos cobrassem a incompetência dele por não ter podido recuperar a economia do Rio Grande do Sul e pudesse fazer a distribuição de riqueza que nós queremos que seja feita, mas não apenas através de salários justos que eu acredito que os professores devem receber, pois merecem, mas através de outras atitudes que possam possibilitar, não apenas aos professores, mas a todas classes sociais, havendo possibilidade de receber o suficiente para sua manutenção. Hoje em dia o que nós temos? Nós não temos unicamente a classe dos professores injustiçada. Essa é uma das classes injustiçadas, mas existem muitas outras e o Governo é feito justamente para poder corrigir as falhas que existem em todas essas classes.

Eu desde o início manifestei-me favorável ao movimento reivindicatório dos professores, mas só não podia manifestar-me favoravelmente contra algumas estratégias, contra algumas táticas que foram utilizadas para poder chegar até a atingir o objetivo. Não posso acreditar, por exemplo, que esta última tática utilizada pelo CPERS de adentrar a Casa Civil e ali ficar durante 8 horas, não acredito que essa tenha sido a melhor tática utilizada para atingir os objetivos.

Acredito que essas falhas - e essa seria uma das falhas citadas - somadas às outras, indicam que houve uma má-condução do movimento, movimento este que poderia ter sido vitorioso se os líderes talvez tivessem sido mais consciencioso.

 

O Sr. Raul Casa: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para dizer a V.Exa., que integra o Governo Pedro Simon, o ex-governador Sinval Guazzelli que, pelo que se viu, também fracassou na mediação. O Presidente do CPERS é suplente de Senador do PMDB; O Prof. José Fogaça foi eleito pelo professorado. Onde está ele? Onde está o Sr. José Paulo Bisol?

 

O SR. LUIZ BRAZ: Jamais disse nesta tribuna e aqui há Vereadores que podem comprovar, nunca disse que o PMDB é o Partido do acerto e que os outros são os dos erros. Tanto no PMDB há parlamentares que acertam e há os erram. Há parlamentares que trabalham e há os que não trabalham. Não posso dizer que quem está dentro do PMDB está com a razão, quem está fora, está sem a razão. Acredito que a linha partidária, a qual filiamo-nos, cometa, realmente, uma série de equívocos e erros, porém, esses mesmos erros nós nos penitenciamos por cometer. Acreditamos nos movimentos justos, em todo o movimento justo, estarei ao lado do movimento reivindicatório sempre, mas não assinando em favor de todas as medidas tomadas. Infelizmente, acredito que o movimento justo escolheu mal seus líderes. Verifiquei que há líderes, muitas vezes, não-ligados a professores, até vi um líder rodoviário, na praça, com os professores. Não me uno a esses líderes todos que vejo por aí, mas me unirei aos líderes que, com justiça, quiserem cobrar, não apenas deste Governo, essa reivindicação justa dos professores que, infelizmente, está sendo conduzida de modo errado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Cleom Guatimozim, por transposição de tempo com o Ver. Frederico Barbosa.

 

O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sra. Presidente e Srs. Vereadores. Esta tribuna, hoje, o assunto é aquele que toma conta dos jornais e da imprensa, o problema do nosso magistério.

Queria lembrar a importância do ensino, reconhecida pelos homens mais importantes de mundo. As mensagens que o Presidente Kennedy mandava ao Congresso Nacional, aqueles que tiveram oportunidade de ler, verão que aquele líder mundial dizia, que é exatamente, na educação que se baseia tudo, que o desenvolvimento de uma nação pode ser medido, exatamente, pela sua educação, que é ministrada nas escolas. E dava importância prioritária, ao problema educacional.

Ainda, verificando a história do mundo, vemos que no pós-guerra, o Japão, que foi destruído completamente por duas bombas atômicas dentro do seu território, na destruição total, inclusive, de sua Marinha, varrida do Oceano Pacífico, em apenas escombros de pós-guerra. O Japão se recuperou, levantou-se, baseado num item principal que é a educação. Mas, senhores, lá no Japão do pós-guerra, nem mesmo um príncipe japonês poderia ganhar mais que um professor. Se nos transferimos para o Brasil vemos que o professor quer ter o direito de uma vida digna, de trazer para a sua casa a dignidade de uma vida que o ser humano tem direito, por ser o fator mais importante da face da terra. Mas, num País analfabeto se relegou o professor a uma situação bastante difícil.

Lembro-me quando o meu pai dizia: “Ali naquela casa, mora um professor”. E outros diziam: “Aquele é um professor!”. E ele tinha dignidade. Ele tinha condições de viver, de sobreviver e tranqüilidade para ensinar. Nós não temos aqui no Rio Grande do Sul, especificamente, essas condições. Eu acreditava que o Governo Pedro Simon fosse, não seguir a linha dos grandes intelectuais internacionais, dos grandes homens públicos internacionais que já citei, mas dar condições de sobrevivências àqueles que prestam um trabalho tão importante. Já foi dito que o professor é a memória do mundo. O professor é a memória do mundo porque ele pesquisa, ele armazena, ele guarda e, através, cada um de uma didática própria, transmite aos seus alunos. (Palmas.)

 

O Sr. Rafael Santos: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Para que V.Exa. tenha uma idéia da defasagem do salário do professor, em 1963, 1964, 1965, nessa faixa, eu era professor do Colégio Irmão Pedro, até 1966 e depois trabalhei na Secretaria de Educação. Criei meus quatro filhos, tinha automóvel e morava numa casa alugada, com a minha esposa que também é professora. E, deste salário nós vivíamos, e, desse salário nós conseguimos comprar o nosso automóvel e criar os filhos. Pois bem, somado hoje o meu salário com o salário da minha esposa, não dá dez mil cruzados. Dá nove mil cruzados. Hoje, se eu estivesse, ainda, somente como professor do Estado, eu estaria vivendo com nove mil cruzados mensais. (Palmas.)

 

O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Agradeço o aparte de V.Exa. e prossigo dizendo que, no momento de uma abertura democrática, no momento em que um Governo eleito assume o poder, a gente pensava que o mínimo que esse poderia ter era liberdade. A liberdade que é inerente ao homem, que ele traz ao nascer, porque ninguém pode dar a liberdade. A liberdade é o homem. É inerente ao ser humano, que não pode viver sem a sua liberdade de viver como querem fazer agora, impedir uma passeata num regime democrático, uma passeata ordeira em que reivindicam melhores condições salariais. Nem a ditadura fez isto, nem o Governo Castelo Branco fez isto. E eu já disse desta tribuna, talvez, puxando as suas origens de sangue, o Governador começou a pagar em prestação. Pagar funcionário público em prestação? Vejam, Srs. Vereadores, o Governador devia renunciar, porque nós assinamos esta nota que o CPERS publicou, hoje, a pedido no jornal. Graças a Deus ali está o nosso nome, porque sou um democrata. Mas o Governador quer o desprestígio de ver que Deputados estaduais e federais e Vereadores desta Casa, do seu partido político, assinarem contra um erro dele. Ele deveria renunciar. Ele não tem o apoio dos Deputados federais do seu partido, não tem nem dos estaduais e, aqui nesta Casa, no mínimo dois Vereadores assinaram contra o Governador. Estou me referindo ao PMDB. A saída honrosa era uma renúncia na falta de condições e de capacidade para dirigir o Estado. Essas viagens dele nos momentos de maior tensão no Rio Grande do Sul, nem o Brizola foi tanto ao Uruguai como vai Pedro Simon. É ao Uruguai, à Argentina e acho que agora vai para a Bolívia. E estas viagens são exatamente nos momentos de tensão, quando o Governador deveria ser a pessoa primeira. Agora falta capacidade a este Governo. Eu não acredito que um Governo instalado democratizado não tenha pessoas com capacidade para dialogar com os professores, para encontrar uma possibilidade de um acerto entre professores e Estado. Mas cada um coloca uma brasa, agora apareceu o “boca de ouro” que tirou os professores da direção das escolas. Digo “boca de ouro”, porque ouvi alguém cantando, “Bernardo boca de ouro”. Num ato repressivo. O Ver. Frederico Barbosa ri, mas eu ouvi os professores cantando: “Bernardo, boca de ouro” que nos faz sofrer. Então, ele tirou esses professores que estavam solidários com seus colegas. Jamais poderiam ter a mancha de ficarem afinados com um governo que não corresponde à sua categoria, à sua classe, como se fosse um puxa-saco de primeira linha.

Mas eu acho mesmo que não deve mais haver a volta à escola. Acho que este resto de tempo que falta do período escolar, que seja de parlamentação, que seja de encontrar uma saída para que, no ano que vem, os professores possam voltar às suas aulas com dignidade. Perdeu-se um ano letivo, mas tantas coisas importantes se perdem neste País! Desde as nossas riquezas, que se esvaem pelas fronteiras, levadas pelas multinacionais. Acho que o Governador deveria tomar uma posição mais séria e entender que a educação é algo muito importante. É o que há de mais importante e ao que o Estado deve dar uma atenção especial. Quando eu vi o contra-cheque de um professor nível VI - e me diziam que era o mais alto nível - eu cheguei a pensar que prefiro vender laranjada em frente à Cia. Carris, porque vou ganhar muito mais. Não precisa da representação, não precisa se manter dentro de uma linha, não precisa de um traje e de se envolver em gastos. Pois digo que o pipoqueiro - e falo como ex-Secretário da Indústria e Comércio, com conhecimento próprio - que vende pipocas no Parque Saint Hilaire, ganha muito mais do que um professor nível VI da SEC. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Flávio Coulon.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, minhas senhoras, meus senhores. Antes de entrar no debate que fui chamado pelo assunto que foi colocado aqui, quero perder alguns minutos para colocar o seguinte: nós, do PMDB, não ficamos ofendidos com o gesto do Dr. Olímpico Albrecht, lá na inauguração do Posto da Restinga. Nós não estamos pedindo a cabeça do Dr. Albrecht que é um ilustre médico e que temos certeza - ao contrário do que diz no jornal, que levou a chave embora, por discordar da forma como fora convocada a solenidade - que deve haver algum engano na notícia. Ele deve ter levado a chave porque ele é uma pessoa esquecida. O que quero dizer também ao o Dr. Osmar Terra, o Secretário Estadual, Dr. Antenor Ferrari, o Diretor do Hospital Parque Belém, Dr. Amir Santos, Dr. Mário Bern, que vejo na fotografia, os representantes do Ministério da Saúde e da Educação, que estas autoridades compreendem o esquecimento do Dr. Albrecht, mas fazemos um apelo ao PDT, no sentido de que, para evitar futuros vexames, eles nos avisem antes se vão esquecer e vão levar a chave quando eles forem inaugurar as suas obras, porque afinal de contas, as pessoas que lá estiveram são responsáveis e que perderam o tempo ao prestigiar uma solenidade e que por esquecimento do Dr. Olímpio Albrecht, comprometeu a solenidade de abertura. Então, faço um apelo à liderança do PDT no sentido de que levem esse assunto ao Sr. Prefeito e já, de antemão, com a nossa aceitação do pedido de desculpas por esse vexame que deram ontem. Certamente, se não existissem hoje, aqui, no Plenário, professoras, o assunto da greve não teria sido tocado, mas foi bom porque este assunto é importante é precisa ser colocado e as posições precisam ser definidas. Tenho dito que o grande mal de todas Casas Legislativas é que os parlamentares, quer nos debates, quer nas votações, esquecem de todos os princípios, esquecem todo o passado, falam e votam em função das galerias. Certamente os pronunciamentos que nós ouvimos hoje, “mutati mutantis”, foram os mesmos que se ouviu na Assembléia Legislativa por ocasião da discussão e aprovação das Leis 8020 e 8026. Não estou contestando a justiça dessas Leis, nem a constitucionalidade dessas Leis porque concordo e sempre repito que foi mais do que uma Lei, foi um pacto, um acordo. É preciso reconhecer também que foi um pacto, um acordo celebrado ao calor das galerias contra as quais os Parlamentares encontraram a maneira mais fácil de fugir. O PMDB deve ter sido o maior avalista dessa situação. Esta greve é trágica e de uma certa maneira me rebelo violentamente contra ela porque ela separou as pessoas neste Estado entre aquelas que estão a favor e as que estão contra. Sinto uma dificuldade tremenda de colocar a minha argumentação aqui porque sou uma vítima desta tragédia. Está aqui minha comadre, uma pessoa a quem mais quero na vida e infelizmente não existe um meio termo nesta questão, eu continuo sendo compadre dela, eu continuo sendo amigo dela, mas eu serei inimigo dela, porque não me foi dado e não é dado nesta situação uma opção e isso o tempo irá dizer  que nós estamos errados. Nós estamos errados, porque as coisas não podem ser tão absolutas assim, ninguém pode ter esta razão que o CPERS acha que tem, como ninguém pode ter esta razão que o Governo acha que tem. Ninguém pode ter a verdade absoluta de um lado e não existir uma verdade mínima do outro lado e eu sou professor, pesquisador e cientista e eu não posso aceitar absolutismo em opiniões políticas e em comportamentos sociais.

Sempre tenho dito e sempre tenho repetido no lar da professora Rute Bulhões, minha comadre, que nós do Governo do PMDB, erramos, erramos muito, desde o começo, erramos, erramos e sempre disse isso, agora, eu fui confortado, hoje, com uma entrevista que ouvi do bispo Dom Ivo Lorscheider onde ele me confortou porque disse que não somos só nos que erramos. Numa situação dessas, acima das nossas idéias, acima das nossas conveniências existe o bem comum e onde ele dizia que, apesar de todos os erros, o Governo havia aberto algumas janelas, a última destas janelas, segundo D. Ivo, teria sido uma nota do Governo, onde ele se propõe, caso seja reconhecida a constitucionalidade a aceitar esses 2,5 salários-mínimos. Eu não assinei essa nota, e agora a Prof.ª Rute vai me cobrar. Não assinei essa nota, e conforme disse o Ver. Clóvis Brum, na reunião da bancada onde nos dividimos entre os que prestavam solidariedade ou não. Uma das razões porque não assinei esta nota foi justamente essa trazida aqui pelo líder do PDT, onde, no momento em que os deputados, os vereadores, as bases políticas do PMDB, retirarem o apoio ao governo Pedro Simon, eles já aqui estarão querendo que o governo Pedro Simon renuncie, conforme justificou aqui desta tribuna, e eu acho que não é este o caminho. Professoras, o Governador Pedro Simon não é governador apenas de professores, e, em respeito a isto, apesar de não ter mais o mínimo respaldo junto aos professores, neste momento, ele continua e precisa continuar, porque é inegável que esta terra, esta Pátria está vivendo um momento muito grave. Ele precisa continuar, porque acima disto existe o Rio Grande e existe o Brasil que está congestionado. Não podemos ignorar esta realidade de que existe gente mais interessada em modificar esta semi-democracia que temos aí. Mas vai passar este momento, e eu tenho a impressão, 2, 3, 5 ,6 meses - não sei quando – vão existir condições objetivas de nós, sem passionalismo, analisarmos esta situação toda, revisarmos os nossos erros e nos encontrarmos novamente. Professoras tenho certeza absoluta, e é por isto que eu prestei solidariedade ao meu governo, primeiramente porque prestei solidariedade à manutenção da democracia, e segundo, porque tenho certeza absoluta de que é preciso ficar do lado dele para ajudar a que nos reencontremos no futuro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Brochado da Rocha. (Pausa.) Ausente. A seguir, o Ver. Auro Campani. (Pausa.) Ausente. Ver. Antonio Hohlfeldt. (Pausa.) Ausente.

(Aparte inaudível do Ver. Frederico Barbosa.)

 

Ver. Frederico Barbosa, realmente, a Mesa cometeu um erro ao ceder a palavra ao Ver. Flávio Coulon, que não era titular da Representativa, inclusive, omitindo o nome do Ver. Rafael Santos. Mas V.Exa. terá assegurado seu tempo agora e, após, o Ver. Rafael Santos.

 

O SR. FREDERICO BARBOSA: Sra. Presidente e Srs. Vereadores. Parece coincidência, ou, quem sabe até feliz coincidência, não ter sido chamado em seguida ao Vereador que me antecedeu, pois as professoras que aqui estavam se retiraram. Digo coincidência porque certamente seria eu chamado, depois do meu pronunciamento, de mais um que se engajou em discursos laudatórios a favor do funcionalismo público e ao professorado, pela presença de 4 ou 5 ilustres professoras que muito antes de pautarem os pronunciamentos dos Vereadores que me antecederam, inclusive, do Vereador que me antecedeu e que já fala com ares de futuro líder do PMDB nesta Casa, certamente pautaram também o pronunciamento e algumas explicações para as quais não preciso vir à tribuna explicar o inexplicável, explicar as teses de um governo que não assumiu o governo. Portanto, fico extremamente à vontade, tão a vontade como se as professoras ainda estivessem no Plenário e até o futuro líder do PMDB, Ver. Flávio Coulon, que deixou o Plenário depois do seu patético pronunciamento dentro da tese de quem tem um amigo assim não precisa de inimigo, eis que fez uma declaração de carinho e, certamente, uma declaração mais do que digna e honesta de carinho com a sua comadre e uma declaração de inimigo com a sua comadre pelas funções que exerce.

Então, lastimo profundamente a ironia do futuro Líder do PMDB e dizer que os Vereadores estavam pautados pela presença das 4 ou 5 professoras, principalmente porque mesmo não sendo pautado, prefiro, no meu modo de entender as coisas, fazer um pronunciamento relacionado com pessoas ou com alguma categoria que aqui esteja presente no Plenário do que, por exemplo, apresentar projetos demagógicos que joguem a Casa perante a opinião pública. Prefiro falar no Magistério, no funcionalismo público presente ou ausente do que jogar a opinião pública contra a Casa que não trabalha durante os recessos parlamentares, como se esta Casa estivesse repleta de fantasmas hoje. Como se todos aqueles que me antecederam estivessem tranqüilos fora da Câmara de Vereadores. Então, prefiro sobre as coisas da atualidade, prefiro falar e comentar - não criticar - um Governo que me parece ainda não assumiu.

 

O Sr. Cleom Guatimozim: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu li no jornal de hoje que parte da Bancada do PMDB, inclusive o Ver. Flávio Coulon, reclamou da amizade existente entre este Vereador e o Líder do PMDB, Ver. Clóvis Brum. Eu não entendi porque não tenho amizade nem com a comadre do Vereador.

 

O Sr. Hermes Dutra: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Lamentavelmente não está aqui quem, segundo disse V.Exa., será o futuro Líder do PMDB, mas acho que ninguém está pautado pela presença de dois, três, quatro ou de dez professores nesta Casa, com o que estamos pautados e devemos estar obrigatoriamente é pelos 300 e tantos professores que foram para o olho da rua, que deixam de ganhar o seu salário e pelos diretores que foram afastados e que foram eleitos por seus Companheiros. Esta é a nossa Pauta, a qual o PMDB foge para não ouvir.

 

O SR. FREDERICO BARBOSA: Agradeço seu aparte e digo a mais: quem falou, ironizou ou deu a entender que nós - estou me incluindo também - estávamos pautados pela meia dúzia de professoras que aqui estavam, entre as quais a comadre do Vereador que me antecedeu é o mesmo que se engajou num grupo de joãozinhos do passo certo, que usa o Plenário desta Casa, quando a assistência não concorda conosco, para mostrar à assistência que está descontente com algum ato de V.Exa., do Ver. Frederico Barbosa, etc., é daquele grupo que acha que a Casa só estará certa quando comandada pelas idéias de uma matemática fantástica de que sete, oito, quatro somam mais do que 23, 24, ou 20.

 

O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acompanho seu discurso com muita atenção. Peço-lhe que retome aquela idéia de que o governo não assumiu ainda. Achei interessante esse assunto.

 

O SR. FREDERICO BARBOSA: Agradeço ao Ver. Aranha Filho e retomo o raciocínio, se a minha inteligência me permitir, eis que nesta manhã, nem chuvosa, nem ensolarada, nem vai, nem vem, fez com que eu realmente me agitasse a partir do momento que passo a não entender certas manifestações que são realizadas nesta Casa. Jogam de um lado num dia e, de outro lado, no outro dia. Aí vem aquela frase antiga “quem tem fulano de amigo, não precisa de inimigo”. Foi o que vimos aqui entre o Vereador que me antecedeu e a assistência. Mas, na verdade, parece-me que esse Governo não assumiu. Aqui está a dizer quem esperou, por exemplo, que o governo municipal assumisse, que tivesse tempo para cometer erros ou acertos para criticar. Aí sobraram 196 discursos no ano passado, 195 do Ver. Hermes Dutra, cento e tantos de tantos outros, quando nós, aguardamos, vimos que o governo não assumia. Mas é lastimável que alguém que passou 20 anos criticando, e que concorreu a uma eleição retrasada chegue ao governo sem projetos. E que sem projetos elabore um único projeto, atirar tudo em cima do funcionalismo público do Rio Grande do Sul. Colocado pelo mandatário maior do Rio Grande como exemplo nacional, porque pela primeira vez o Rio Grande do Sul teve um governador que foi a público dizer que o caos era instalado aqui por causa do funcionalismo público.

Saímos, esperando em alguns programas de televisão que alguns Estados pequenos lá do Norte ou Nordeste aparecessem, e, de repente, o Rio Grande era jogado perante o Brasil, porque um governante não o defende, um governante o acusa, sem apresentar até agora, nada. A não ser ficar sentado, e ia esquecendo, parece que agora já tem alguma coisa: os jornais estão dizendo que o governo está preocupado com um juiz de futebol, funcionário público, que segundo a imprensa está causando problemas de austeridade ao governo. Achou o problema do funcionalismo num juiz de futebol, diga-se de passagem, honrado, não o conheço, representante dos quadros da FIFA. Realmente, para não ser injusto, o governo começou a trabalhar, achou o que está na crônica política de alguns dos jornais, com ponto de interrogação, assinado, por exemplo, no Correio do Povo, por José Barrionuevo, perguntando se esta é a austeridade.

Vou encerrar. Assino esta posição. Não entrei nem diretamente ao problema do magistério, mas, do funcionalismo em si, do qual tenho a honra de pertencer com funcionário efetivo dos quadros da Assembléia Legislativa. Foi uma opção drástica, dramática, de quem se atrasou por vinte anos, não conseguiu elaborar nada, e ao patinar certamente, por não ter projetos, optou por lançar tudo em cima do funcionalismo público do Rio Grande. Não estou a defender vagabundos. Não estou a defender aquele que nem o ponto assina. Ou que assina, e não trabalha.

Agora, a classe inteira foi jogada perante a opinião pública e até agora o que se sabe é que o Rio Grande de funcionários públicos que o desmerece. Eu gostaria de saber quando o Governo assume, Ver. Aranha Filho, e quando o Governo do Estado, do PMDB, tomará alguma atitude que, acima de tudo mostrará de volta o que já deve ao Rio Grande. O Rio Grande, perante as câmeras de televisão, a nível nacional, como exemplo de Estado. Porque quem tornou o Rio Grande como exemplo negativo, tem a obrigação de induzir, de mostrar, ou a sua incapacidade total ou devolver a imagem do Rio Grande ao País, como um Estado a quem, estes que estão aí pleitearam a defesa dos interesses e o desejo de governar.

 

O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu lastimo a campanha da “RBS” que lançou esta semana, “Junto por um Rio Grande Maior”, eu lastimo que o Governo do Estado não esteja fazendo força junto com todos.

 

O SR. FREDERICO BARBOSA: Mas é uma oportunidade, Sra. Presidente, que o Ver. Aranha Filho me lembra, que nós pudéssemos nos reunir e quem sabe ir ao Palácio, esperando que as portas estejam abertas e que nós possamos ficar aguardando na Casa Civil, como qualquer cidadão pode fazer num prédio público. Nós possamos, quem sabe, convidar o Governo do Estado do Rio Grande do Sul a participar desta campanha da “RBS” e da campanha da SAMRIG, também, lançada por um Rio Grande melhor, por um Rio Grande melhor, por um Rio Grande em si, que não é aquele que foi jogado perante a opinião pública do País pelos próprios Governantes, que hoje já estão sem resolver os mínimos problemas da nossa Terra. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Rafael Santos.

 

O SR. RAFAEL SANTOS: Sra. Presidente e Srs. Vereadores. No final da Segunda Guerra Mundial, dizem os historiadores que Adolf Hitler no seu Quartel General movimentava em cima dos mapas da Alemanha os seus Exércitos e suas Divisões, preparando contra-ataques às forças aliadas. Apenas que os Exércitos e as Divisões que eram movimentadas por Hitler, em cima dos mapas e dos papéis, simplesmente já não existiam, já estavam desbaratados e não possuíam mais força imaginada por seu líder. Esta imagem, Sra. Presidente, me veio à mente, quando no final de semana li a nota do Sr. Governador do Estado determinando que na segunda-feira os professores voltassem para os colégios, que os pais mandassem os seus filhos e que havia tudo terminado e começariam as aulas, como se uma greve de 79 dias pudesse ser encerrada por uma simples nota do Governador determinando que os pais mandassem os alunos e que os professores começassem a dar aula. Agora, o que houve de sério e de grave nesta nota, o que houve de estarrecedor nesta nota é que, na verdade, ela procurava jogar alunos e pais de alunos contra professores. Esse é o fato mais grave dessa nota. Como se fosse possível reiniciar o ano escolar num atrito entre professor e aluno, quando o processo de aprendizagem pressupõe em primeiro lugar e antes de tudo uma sintonia entre educandos e educadores. Não é possível se estabelecer um processo de aprendizagem onde haja conflito entre professor e aluno. Se o retorno às aulas for feito através de uma pressão, ou através de um confronto entre pais, alunos e professores, é preferível que as aulas não recomecem e tem razão o Ver. Cleom Guatimozim, é preferível que se encerre o ano escolar, porque não é possível que se imagine - só uma mente doentia pode imaginar - que, numa situação como a atual, possa se colocar, dentro de uma sala de aula, alunos e professores, e que haja um processo de aprendizagem neste encontro. Não é possível que alguém possa imaginar que o professor volte para a sala de aula e vá ter uma sintonia com os alunos, no estado em que se encontram as coisas. É isto que me parece que é fundamental e que não está sendo entendido. Não é apenas a volta dos professores à escola que vai dar continuidade ao processo de aprendizagem, não é a presença física do professor na sala de aula que vai fazer com que isto aconteça. Ou alguém imagina que esta meia dúzia de professores, que não entraram em greve, pelos mais variados motivos, e que está lá no colégio conversando com seus alunos, estejam integrados no processo de aprendizagem? Isto é desconhecer o que é aprendizagem, é desconhecer o que é educação, que não pode ser feita em clima de atrito. Ninguém educa em atrito, ninguém educa em confronto. Educa-se na sintonia, na amizade e no conhecimento. Por que é que os pais são os grandes educadores dos seus filhos, ainda que não saibam disto, ainda que não tenham uma preocupação de educar e estão sempre educando seus filhos? Exatamente porque existe a sintonia pai-filho, mãe-filho. É esta sintonia, é este amor que é fundamental para que se possa estabelecer um princípio de educação e de aprendizagem. O que estamos vendo, no Rio Grande do Sul, é a destruição absoluta e total do processo de aprendizagem e do processo educacional. Não sei qual o desdobramento do problema, e quais os futuros passos que iremos assistir, mas é preciso um retorno ao bom senso. Nós estamos mexendo com o que há de mais sagrado, que é a educação de nossos jovens. Não pode ser tratado dessa maneira, nesse sistema de confronto entre professores e Governo. É preciso reabrir esse diálogo, conversar e encontrar uma solução. Eu vejo com extrema preocupação que nós estamos mais do que resolvendo um problema salarial, na realidade estamos destruindo o processo educacional; nós estamos desmontando todo um sistema educacional. Isso é que me parece extremamente grave e me parece que o Governo não está sensível para isso; está tratando como se fosse a greve de uma categoria, que encerrada a greve, pode chegar e reiniciar o seu trabalho. Não é assim. É preciso que haja mais sensibilidade para o mal que está sendo feito ao Estado pela insensibilidade do Governo.

 

O Sr. Jorge Goularte: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, hoje, pela manhã, mais cedo, nós apresentamos uma modesta idéia que tivemos durante a noite, exatamente nesse sentido, o patrimônio educacional do nosso Estado está prestes a receber uma mácula que eu desconheço que tenha ocorrido em outros Estados, qual seja, de perder um ano letivo. A sugestão que dei é que os professores sempre nos ensinaram o bom senso, e digo isso com a autoridade de quem de quem foi para a praça, assinou manifesto e defende o movimento dos professores, deveriam agora, já que ninguém dá o passo pela concórdia, darem um passo a mais e voltarem à sala de aula, com a seguinte condição: continuarem reivindicando, se revezando nos seus movimentos e os pais e mães dos alunos, os substituídos na reivindicação, enquanto eles estão dando aula para as crianças. Foi o que me ocorreu, porque se falta bom senso, por parte do Governo, se não há um passo a mais na conciliação, me parece que mais uma vez os professores - que é um sacerdócio, pelos parcos vencimentos que têm - poderiam dar mais uma vez esse exemplo e voltarem às salas de aula para que nossos jovens não parassem o ano letivo. Muitas crianças pobres estão deixando de ter a única refeição que tinham na merenda escolar.

 

O SR. RAFAEL SANTOS: Como podem os professores voltarem às salas de aula no momento em que o Governo está punindo seus colegas, demitindo seus diretores, os contratados? Pelo contrário, o que ocorrendo é que os professores não-grevistas estão entrando em greve. A Delegada de Ensino da 37ª. DE pediu demissão. É a realidade. O confronto não está sendo estabelecido pelos professores, mas sim pelo Governo. Parece que o Governo está dedicado a destruir o nosso sistema educacional. Por isto gostaria de comunicar a todos que na Carta Aberta hoje publicada em “Zero Hora” não constam meu nome nem o do Ver. Hermes Dutra, que não fomos procurados por motivos que desconheço, para assinar a Carta.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Lamento não ter assinado esse manifesto. Não fiz porque não fui procurado, mas sinto como se minha assinatura estivesse no documento. Assim como V.Exa., eu, Ver. Jorge Goularte, a Vera. Teresinha Irigaray somos assíduos na Casa, estando presentes pela manhã e à tarde.

 

O SR. RAFAEL SANTOS: Não assinei e falo em meu nome, do Ver. Hermes Dutra e agora em nome do Ver. Isaac Ainhorn, porque não fomos procurados. Estamos integralmente solidários com a Carta Aberta publicada em “Zero Hora”. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Reunião às 12h05min.)

 

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